Projecto referente à alteração e ampliação das antigas instalações da Fábrica Ramiro Leão, ao Campo de Santana, construída em 1910, com 3 pisos. O edifício existente, sobre o qual inside esta proposta, apresentava um léxico formal reminiscente da arquitectura pombalina, modelo que durante muitos anos marcou, pelo “torpor”, a prática arquitectónica em Lisboa e com o qual se simulava a função fabril sob alçados cuja gramática mimetizava a função habitacional. O aumento da área de construção e do número de pisos para o dobro, mantendo a cércea e a volumetria existente, obrigou a estratégias conceptuais como o rasgar vertical de panos de vidro, a partir dos vãos existentes, de modo a responder às necessidades actuais. Cada fogo foi tratado como se de uma habitação unifamiliar se tratasse, sendo portanto todos diferentes uns dos outros. A cor seleccionada para as fachadas, tendo em atenção o enquadramento privilegiado deste edifício na paisagem da encosta da colina ocidental que se desenha sobre o principal eixo histórico da cidade de Lisboa, correspondeu à mancha cromática dominante na encosta ao longo do dia. O embasamento e as molduras em pedra barroca retomam, embora sob um léxico contemporâneo, o respeito pelos elementos essenciais desta arquitectura vernacular. Nesta perspectiva, desenhou-se um percurso cuja fundamentação conceptual se centrou na adaptação dos espaços existentes, potenciando a sua resposta à alteração de uso preconizada, às exigências de conforto, segurança e qualidade ambiental e vivencial inerentes a um espaço habitacional, mas que, em simultâneo, constituíssem uma requalificação estética do edificado. |